De eleições e vagalumes

Durante o fim de semana, UNIDA e PSD se enfrentaram na disputa do cargo de Premier do Império. Tais partidos foram os únicos a lançarem candidatos, na última sexta-feira, respectivamente Luciano Trindade e Flávio Miranda.

Oficialmente a votação se encerrou às 23h59 de ontem mas até agora o Vice-Premier Alexandre Carvalho ainda não divulgou os resultados. Informalmente, porém, a informação é que a vitória deve ser de Flávio Miranda.

Sob nenhum aspecto uma vitória de Luciano Trindade seria ruim para Reunião. Mas sua candidatura não deixa de ter um toque de excentricidade. Não por ele, mas por ser um candidato da UNIDA.

A UNIDA foi recriada há algumas semanas, por determinação do Imperador. Foi mais uma intervenção desnecessária do Moderador no cotidiano do país. Reunião tem uma legislação excelente sobre criação de partidos que foi sumariamente ignorada nesse caso, com SSMI oferecendo o partido em praça pública ao primeiro que quisesse.

Trindade aceitou e foi candidato de um partido sem representação na APQ e sem outros filiados, o que sem dúvida enfraqueceu sua campanha.

Tivemos então uma eleição inventada, disputada pelo candidato de um partido biônico. Isso diz muito sobre o momento atual de Reunião.

Nos bastidores, o Imperador tem dito que não era contra Alexandre Carvalho assumir o cargo e tampouco é contra a existência de um Vice-Premier. Porém, acha SSMI que não seria bom termos mais um mandato tampão, com um chefe de governo que não foi eleito diretamente pela APQ, repetindo o que aconteceu com Giuseppe Gatto, que assumiu como Premier no começo do ano.

O que fez o Imperador, então, foi dizer que antes a lei foi seguida, mas agora não seria “conveniente” fazer o mesmo. O que aprendemos com isso? Que às vezes as leis em Reunião vigoram, às vezes não. Como um vagalume, nossa legislação fica acessa ou apagada, mudando de acordo com os ventos que sopram a partir de St. Denis.

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E o Vice-Premier?

Enfim o Moderador se pronunciou sobre a renúncia (yaha!) de Lucas De Simone ao cargo de Premier: na noite de ontem uma Ordenação Gloriosa acatou a saída do pigdniano do cargo e estabeleceu um cronograma para eleição do novo chefe de governo, com prazo até amanhã para apresentação de candidatos.

Estaria tudo certo, se não fosse um detalhe: desde 2007 a figura do Vice-Premier foi recriada. E foi recriada por um Decreto Imperial, o principal ato normativo do Poder Moderador. Segundo o DI 89/2007, o Vice-Premier é o Diretor-Presidente da APQ e lhe cabe “a atribuição de substituir o Premier do Império em casos de renúncia ou afastamento deste”.

Temos um Diretor-Presidente, portanto temos Vice-Premier. Se há uma norma constitucional dizendo que o Vice assume na hipótese de renúncia, por qual motivo teremos eleições? Por que SSMI editou uma OG – erroneamente chamada de Extraordinária – onde ignora normas reuniãs feitas pelo próprio Moderador, ao invés de um simples Edicto, passando o Magistral para Alexandre Carvalho, o Vice-Premier?

Antes que alguém diga que SSMI agiu assim porque pode (alô, PIGD!), já adianto não ser esta a questão.

A pergunta a ser feita é por qual razão novamente o Moderador passa por cima das leis do Império, ao invés de simplesmente deixar que os demais poderes atuem e o país siga em seu curso normal.

Afinal, Reunião não está afundada numa onda de inatividade; não há nenhuma “carnificina verbal” no Chandon, o Legislativo não está com cadeiras vazias, os dois países criados a partir de costelas reuniãs reduziram a população em menos de 5%.

Não há crise. Por que o Moderador insiste em agir intervindo nos demais Poderes, desnecessariamente?

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Não irá deixar saudade

Em carta enviada nesta madrugada ao Chandon, o Premier Lucas De Simone renuncia ao cargo que ocupou por menos de 40 dias.

É o fim melancólico de um governo que, de fato, sequer começou e que precisou de uma descomunal intervenção do Moderador para prosseguir, depois da recusa inicial de seu plano de governo na APQ (leia “Inglória Ordenação”, aqui no blog).

De Simone ainda incluiu em sua despedida uma crítica aos que tentaram “desestabilizar seu governo”, o criticando pela inatividade. Faltou lembrar que sua inatividade desestabilizou Reunião, que passou as última semanas sem Premier, na prática, e sendo governado pela mão pesada do Moderador.

Apesar da renúncia do Premier, Reunião teve um dia tranquilo no Chandon, com membros do próprio PIGD reconhecendo ter sido uma decisão acertada. Talvez pelo fato do país estar acostumado a já não ter chefe de governo há algum tempo…

Inaugurada nossa seção de artigos

Antes do planejado, graças à colaboração de  Ricardo Cochrane, a seção de artigos do Blog é hoje inaugurada com o texto “Reunião e o fim do micronacionalismo”.

É um privilégio estreiar com um texto de Cochrane, um veterano (está há onze anos por aqui) que se mostra cada vez melhor micronacionalista.

Seu texto expõe uma visão dura mas verdadeira de Reunião e merece ser lido não só pelos súditos de Claudio de Castro mas por todos que se preocupam com o destino da lusofonia.

É só clicar e ter uma ótima leitura!

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A hora do “rush”

“Para onde vamos?”. De certa forma é o que todos estão se perguntando. Com quase 600 pessoas no Chandon, Reunião vive numa verdadeira “hora do rush” – um engarrafamento interminável, onde ficamos sem nos mover e sem sequer ter para onde ir.

Estamos parados e em silêncio. Pois as mensagens da lista vêem soando, na verdade, mais como buzinas sendo tocadas…nada além do que barulho.

Com a total inoperância no Magistral (e o Chefe de Governo mantido pela insistência do PIGD e condescendência da ARENA), um evidente cansaço em Saint Denis e a ausência de um projeto concreto de oposição, realmente mostra-se difícil ver o país voltar a andar.

As instituições do Império não parecem hábeis para criar ou sustentar um mínimo de atividade produtiva neste momento. A APQ, presa em intermináveis entraves burocráticos – escolha do DP, Premier e votação de plano de governo – ainda não começou efetivamente a trabalhar nesta legislatura. O ECIE, ainda que ativo, gasta parte do seu tempo preocupado com o próprio umbigo, mais do que com Reunião. Torcer para um desenvolvimento real da atividade nas subregiões é quase utópico.

Mas talvez não haja, apesar de tudo, motivo para pessimismo. Este pode ser o momento de calmaria antes da tempestade. E o micronacionalismo adora viver sob o caos.

Inglória Ordenação II

Quando o PIGD reagiu à “derrubada” de seu Premier, alegou que Carvalho havia errado em fazer uma votação no prazo de dois dias. Afirmou ainda que não houve determinação expressa de que a votação era urgente, como previsto no Regimento da APQ.

O que diz o Regimento da APQ? Fala que as votações ocorrerem sempre no prazo de quatro dias. Porém, o mesmo Regimento dá ao Diretor o poder discricionário de decidir que uma votação é urgente. Sendo urgente, a votação ocorreria em apenas doias dias. Sendo discricionário, tal poder dá liberdade de escolha ao DP. Deixa a cargo dele estabelecer a conveniência da votação ser em dois dias.

Portanto, a votação ser sido feita em dois dias era uma faculdade de Alexandre Carvalho, enquanto Diretor-Presidente da APQ. Nenhuma irregularidade nisso. Só que, de fato, em nenhum momento Carvalho chamou tal votação de urgente, de forma expressa.

Tal irregularidade tornou a votação nula? A ausência da declaração de urgência impediu que o prazo de dois dias fosse notado e seguido pelos Qualícatos? Não creio que o erro na forma tenha influenciado a finalidade do ato. Sendo possível que o DP fixasse a votação em dois dias e tendo clara e expressamente estabelecido tal prazo, sanada qualquer imprecisão da Convocação.

Mas essa é apenas a forma como vejo a questão, não é necessariamente a única e tampouco a correta. Mera opinião, aqui exposta. Poderia o PIGD pensar diferente e brigar para prevalecer sua forma de ver o problema? Sim, sem dúvida. Mas da forma como fez? Não, não acho.

O PIGD atacou o Imperador. Buscou a fragilidade evidente da mensagem quase informal que fixava o novo cronograma eleitoral. Quando o Imperador reagiu, foi para praticamente se desculpar pelo que havia escrito. SSMI recuou, abriu a brecha de que poderia mudar a decisão, anulando a votação e mantendo De Simone no Magistral.Pedia apenas que o PIGD formalizasse suas críticas e reclamações em uma petição formal, e a enviasse ao Moderador.

O que fez o PIGD? Atacou de novo. Como um boxeador, vendo que o adversário cambaleava, o PIGD bateu, bateu de novo, empurrou o Imperador para as cordas. Em praça pública. No Chandon. O PIGD afirmou que não faria tal petição, constrangendo SSMI, que insistia em solucionar a “crise” pacificamente.

Apenas quando teve a certeza da vitória, o PIGD enviou a tal petição. E a resposta foi a intervenção do Moderador. Como dito antes, a OGI é um instrumento de força, e não de diálogo. Portanto, seria esperar muito que o Diretor-Presidente também fosse convocado a falar sobre o assunto, respondendo os termos da manifestação do PIGD. Isso não ocorreu.

De Simone permanece no cargo. Nova votação para o plano de governo foi aberta, agora com quatro dias de prazo. A situação está normalizada. Mas, de novo, perdemos a chance de reagir e resolver problemas de forma mais madura.

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Inglória Ordenação I

Gostaria de ter (re)começado este blog de forma mais alvissareira e otimista, mas não vai ser possível, pois não se poderia deixar de comentar um lamentável episódio ocorrido na última sexta-feira, no Chandon.

Lamentável, ressalta-se, mais pelo que ele representa do que pelo fato em si. Estou falando da anulação do resultado da votação ocorrida na Assembléia Popular de Qualícatos – APQ.

Lamentável, insiste-se, pela questão ter sido solucionada por meio de uma OGI, uma Ordenação Gloriosa Interventiva.

Uma OGI, como o nome indica, é uma intervenção, uma intromissão do Poder Moderador em outro dos Poderes que compõem Reunião. É uma demonstração de força. É um verdadeiro Deus ex Machina micronacional. Ainda que algumas vezes elas sejam necessárias, nem por isso são mais belas.

Uma OGI significa que Reunião buscou um atalho para resolver um problema. Optou pela solução mais rápida, não pela melhor. Pensou a curto prazo, ao invés de vislumbrar nosso caminho mais à frente. Quando o Moderador se intromete, dá o recado que não confia, ou não teve paciência de esperar, que os meios ordinários pudessem ser acionados e agissem.

Voltando ao nosso problema da semana passada…

A votação ocorrida na APQ foi do plano de governo do Premier Lucas De Simone. Trata-se de procedimento habitual há alguns anos, no começo de cada novo mandato. O Diretor-Presidente da APQ, Alexandre Carvalho, então convocou os Qualícatos, em uma mensagem do dia 14 de maio, onde colocava claramente que: 1. o plano seria discutido entre o dia 14 e o dia 17; 2. a votação ocorreria entre zero hora do dia 18 e 23h59 do dia 19. Exatas quarenta e oito horas.

No fim da votação, 11 dos 12 Qualícatos haviam votado e o resultado, ainda que favorável, não era suficiente: por um voto o plano de governo não fora aprovado. Carvalho divulgou o “placar” e comunicou ao Moderador que, ao menos em tese, Reunião não tinha mais Premier.

A notícia demorou a ressoar. Apenas quando o Imperador respondeu a Carvalho, a letargia reuniã se encerra e começam as reações ao resultado da votação. A resposta de SSMI ao Diretor da APQ foi, digamos, sui generis. Dando o título de “cronograma eleitoral – resposta à Assembléia Popular”, estabelece calendário para a escolha de um novo Premier, determinando que De Simone ficasse no cargo até a escolha do sucessor.

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