Pela defesa da Organização das Micronações Unidas – Por entre uma bipolaridade excessiva

01Abr08

Revista de Estudos em Micropatriologia – Ano 0 – Número 1

PELA DEFESA DA ORGANIZAÇÃO DAS MICRONAÇÕES UNIDAS: POR ENTRE UMA BIPOLARIZAÇÃO EXCESSIVA.
Jorge Quinta-Nova*

As relações entre micronações sempre se pautaram pelos interesses de cada micronação particular e a acção dos seus diplomatas e cidadãos. Nem sempre esses interesses são tendentes à harmonia das relações entre elas, mas definem a acção e identidade externa da micronação.
Em certos momentos da vida destes fluxos internacionais, há concertações entre vários micro-países que nascem de convergências particulares de vontades e desejos semelhantes de projecção externa. Assim nascem as organizações internacionais, não de motivos únicos, mas com motivações abrangentes e várias.

Não parece, à primeira vista, plausível que 7 micronações tenham adoptado uma convergência em matéria de política exterior, principalmente quando falamos de micronações que, bem ou mal – isso é com os comentadores, são marcos da Lusofonia como a conhecemos hoje. Não adianta quantificar ou qualificar o contributo que cada uma deu. O certo é que pela sua mera existência e vontade soberana de existir, cada micronação ganha um lugar entre a Lusofonia.

Numa perspectiva linguística, a apropriação dos signos-poder são uma constante no discurso político-institucional de qualquer micronação. Muitas vezes, se não todas mesmo, um signo ou palavra-poder é apropriado por dois ou mais campos micronacionais. A oposição binária, pela sua escassez no corpus discursivo micronacional, oferece-nos uma boa perspectiva acerca do funcionamento dos grupos,

Todos poderemos notar que efectivamente há grande dispersão de signos-poder, i.e., signos que sejam directamente apropriados por mais do que uma micronação. Um exemplo salta à frente: “Verdadeiro micronacionalismo”, construção apropriada legitimamente por quem a utilizou inicialmente, mas tal como “micronacionalismo sério”, são dois signos frequentemente dissolvidos em novas construções da proposição. Não constituem signos-poder, pois dependem demasiadamente na adjectivação e não condensam os ideais políticos e ideológicos subjacentes a cada.
Resta-nos observar que a oposição binária, na sua acepção mais aproximada, manifesta-se com o objectivo da desqualificação. Agrupa os elementos, por mais distintos que sejam, e coloca-os como o mesmo objecto de desqualificação.

Não pode haver neste discurso terceiros elementos, e a existirem eles estão dispersos ao nível mínimo e sujeitos sempre à lógica geral do discurso. Tal acontece numa lógica de apropriação dos signos-poder, fundamentais na polémica (deriva de polemos, guerra) enquanto marcadores de discurso e sustentadores de autoridade.

Esta prática discursiva é tudo menos discutível, no sentido do combate político, mas tem o perverso hábito de, ao agrupar e massificar grupos binários, “incha” de tal forma a “garrafa” discursiva, impedindo uma perfeita comunicação pragmática no sentido de escorreita e adaptada à vida prática do dia a dia.

Fica aqui o elemento crítico. O mal (se é que lhe podemos qualificar como mal) é usado por muitos fazedores de opinião micro que no objectivo directo de manifestarem o seu desacordo do recente embargo da O.M.U. ao Sacro Império de Reunião, pervertendo um real significado político. Através da desqualificação, têm o condão de esconder uma mensagem útil de parte da Lusofonia.

Não é mal estrito de Reuniãos, ou de qualquer micro nacionalidade, é um recurso discursivo que impede a razão, racionalizando a emoção, e esbatendo num espiral de obscurecimento de reais e pragmáticas situações do nosso dia-a-dia.

A O.M.U. e o seu embargo escondem por entre excessivo e frondoso arvoredo discursivo, ornatos de poder e submissão, que em nada clarificam as situações políticas que se sucedem.

Mais para a frente um estudo linguístico-estatístico poderá evidenciar essas palavras-poder consoante os locutores e mapear o discurso.

A questão permanece: Preferimos desqualificar o adversário ou tentar obter uma qualquer espécie de compromisso?

*Jorge Quinta-Nova Halliwel, 31, algarvio, Presidente da Real Universidade Portuguesa e político, pratica o micronacionalismo há três anos.

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