B. Anderson no micronacionalismo
Benedict Anderson, sociólogo de nacionalidade britânica – a despeito de ter nascido em solo chinês – é expoente nos estudos de nacionalismo. Seu livro Comunidades Imaginadas posa, ao lado de Nations Before Nationalism (1982), de JA Armstrong e Nações e Nacionalismos desde 1788 (1990), de Eric Hobsbawm, como um dos marcos no estudo da matéria.
A base do estudo de Anderson repousa em sua definição para nação: “uma comunidade política imaginada – e que é imaginada ao mesmo tempo como limitada e soberana”. Limitada pois aí reside aí diferença entre o compatriota e o estrangeiro. Soberania que se reflete no “direito de autodeterminação dos povos”.
O que aqui nos interessa é a idéia de que a nação não é algo existente ex nihilo, mas algo construído sociologicamente, por meio da mídia e das relações sociais. Em última instância, uma nação só existiria “nas mentes e nos corações de seus cidadãos”.
Qual é a razão de um presidente ser reconhecido como tal? Legalidade ou legitimidade, qualquer das situações passa, no mínimo, pela aqüiescência dos membros de sua nação. Os reis da França absolutista o eram pois conseguiam, seja por meio da força ou pela “legitimidade divina”, fazer com que seus súditos os vissem como tal.
De tal feita, o micronacionalismo não difere, em substância, da qualquer outra experiência nacional. Sendo em miniatura, sua diferença é em escala. Um Chanceler, Presidente ou Imperador é visto como tal “nas mentes e nos corações de seus cidadãos”. Estes títulos não são simulados, são tão válidos quanto o de Presidente do Brasil ou Rainha da Inglaterra. A diferença está na amplitude de seu reconhecimento.
Enquanto quase todo o globo reconhece Elizabeth II como Rainha da Inglaterra, somente os micronacionalistas reconhecem Cláudio I como Imperador de Reunião. Novamente, diferença de escala, não em substância.
Um exemplo factual que mostram escalas de reconhecimento diferentes pode ser visto quando da Revolução Chinesa. Quando Mao Tsé-Tung marchou sobre Pequim e se tornou de facto o líder da China, Chiang Kai-Shek declarou um “governo no exílio” instaurado em Formosa, mas reivindicando soberania sobre toda a China continental. Enquanto Mao era reconhecido pelos países do bloco soviético, os ocidentais ainda reconheciam Taipé como sede provisória de governo. Até 1971, foi o “governo no exílio” da República da China que ocupou o assento permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Esses conflitos mostram que não existia título “mais válido” que outro. Existe escala de reconhecimento, tudo relativo. E isso corrobora com a identidade entre o micronacionalismo – como experiência nacional em miniatura – com as experiências nacionais extra-micronacionais. Corrobora para mostrar que a diferença é de escala, não de substância.
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Estimados:
em minha filosofia eu deveria discordar do ponto central do Comentário – mas não de qualquer forma desvaler o esforço de reflexão sobre este assunto tão importante e pertinente.
Pelo fato de uma micronação – embora siga os mesmos critérios (imaginários) para sua ocorrência que a macronação – remeter o estado que constrói a uma soberania ideal e não material.
O Estado que a micronação gera – na Lusofonia – é virtual. O Estado que gera a macronação é material.
Aceito que o impulso humano de estabelecer-se socialmente é no fim o mesmo para a macro e para a micro nação.
Contudo , a substância em que existe a micronação é sim diferente da substância da macronação.
Cito Pedro Aguiar: “(…)Seria interessante dizer que é um país[Porto Claro] localizado no mundo das idéias de Platão”