Estar, Ser e Fazer: os três momentos micronacionais

05Dez06

A história do micronacionalismo lusófono divide-se em três momentos, orientados pelos imperativos do estar, ser e fazer.

O primeiro é o do estar. Nele, micronacionalista é basicamente quem está em uma micronação: ao ser inscrito nas listas ou quadros, já se toma parte plenamente dela. Mudar de micropaís é fácil: basta mudar de lista. E ao se deixar o território, automaticamente cessa a vinculação, que é puramente um estado. Retornando, recupera-se de imediato o atributo. Daqui a proibição da dupla-nacionalidade: só se pode estar em uma micronação por vez.

Vem o modelo do ser. Não é suficiente somente estar na lista, porém compartilhar de valores e bens culturais com a micronação escolhida, participar de passado e futuro comuns, de uma comunidade de destino. Assim, o micronacionalista pode continuar sendo da micronação sem nem mesmo estar nela. Pode continuar sendo ainda que estando contingentemente em outra. Este o paradigma decorrente do fato de que os micronacionalistas passaram a estar em várias micronações: diplomacia, turismo, múltiplas-cidadanias; mas também da maior substância do micronacionalismo praticado.

Por último, o esquema do fazer. O micronacionalista define-se como de uma micronação quando faz. Quando não apenas adere a valores e se sente na comunidade ou quando meramente se está em uma lista, mas sim quando constrói dia após dia a micronação. Só se pode fazer quando a micronação é obra coletiva, quando ela não está desde sempre já feita. Fazer alguma coisa, mexa-se, e não ficar só falando na lista ou repetindo uma vinculação abstrata.

O estar é fotográfico, o ser é histórico-cultural e o fazer é existencial.

O esquema pode ser aplicado também ao micronacionalista individualmente. Tem aqueles que só estão em Reunião, aqueles que culturalmente são reuniãos e, finalmente, aqueles que efetivamente fazem Reunião.

Quem valoriza a atividade, prioriza o fazer; quem valoriza a fidelidade, o ser; e quem dá mais valor à quantidade sincrônica, aposta no estar.

O estar conduz a uma moral de estado civil, o ser ao nacionalismo e o fazer implica a atividade.

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One Response to “Estar, Ser e Fazer: os três momentos micronacionais”

  1. 1 McMillan Hunt

    Gostei destas distinções sobre os momentos de realização do micronacinalista.

    Nisto , é impossível [fazer] sem [ser] , impossível [ser] sem [estar]. O essencial para o micronacionalismo é [estar] ; o mais supérfluo é [fazer].

    Todavia , como mesmo disso você , Bruno , as grandes micronações “se fazem”.

    Fazer , então , é aquela [inutilidade] essencial , o quê só consegue ocorrer com fatores a priori mas que sem ela nada poderia acontecer.

    Residiria aí o arcano triangular do micronacionalismo também? No meu “Breve Tratado…” constou:

    “Assim a mecânica fenomenológica micronacional virtual pode ser definida, nesta ordem, no seguinte processo:

    A – CRIAÇÃO – a prática em si do feito [ que possa ser publicável porém sem este fim necessária ou integralmente ] {ESPONTÂNEO/PROPOSITAL}

    B – PUBLICAÇÃO – a codificação do feito [a fim de torna-lo identificável] {PROPOSITAL}

    C – ASSIMILAÇÃO – a identificação do feito [a fim de sustentar a micronação e fazer sentir o micronacionalista] { ESPONTÂNEO }”

    A CRIAÇÃO não FARIA? A PUBLICAÇÃO não ESTARIA? A ASSIMILAÇÃO não SERIA?


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