Dois modos de subversão
A subversão não se resume à oposição. Opor-se simplesmente é em geral inócuo; trata-se apenas de oferecer um outro ponto de vista, uma outra possibilidade, ou manifestar o repúdio, a indignação ou a vergonha. Medidas sem efetuação. A subversão, ao contrário, mexe e abala os pilares do que é subvertido. Porque é criativa; faz do inautêntico o autêntico, inventa o novo com base no encarquilhado.
Há dois modos eficazes de subversão.
O primeiro é a ascensão aos princípios. Trata-se de interrogar toda a lógica imanente, de maneira que apareçam princípios, causas e pressupostos ocultos. Esta a ironia. Há uns dois ou três reuniãos que são subversivos pela ironia. Subvertem insistentemente o paradigma com acidez e mordacidade.
O segundo modo é o da condução às últimas conseqüências. Fazer com que a coisa gere até o limite o que ela se propõe. Fazer aflorar todo o discurso. Levá-lo com o máximo de seriedade, de tal maneira que se torna cômico. Que a roda gire, gire, gire… até arrebentar. Este mais eficaz ainda, o modo do humor. O gênio humorista de Reunião, de longe, é o Alberto. Subverte o paradigma ao literalmente matá-lo de rir.
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Esse humorista precisa do paradigma pra sobreviver, o entende e o aceita. Não é subversivo. Ao menos, não conscientemente.
Mas o paradigma é amplo , é de múltiplas faces e sua natureza é mudança e instabilidade. Creio que quando o Cava disse de ‘subversão’ , quis fazer entender como uma outra versão , uma outra visão do mundo calcada num modo de ver-se comum. Ok , a visão do mundo é o próprio paradigma ; a subversão neste caso agiria como uma renovação , uma vontade alternativa desta visão ordinária , que tem que ser parâmetro mesmo (aceita e entendida) para que possa ser renovada ou reconstruída/desconstruída.