{"version":"1.0","provider_name":"micropatriologia","provider_url":"http:\/\/micropatriologia.wordpress.com","author_name":"Carlos G\u00f3es","author_url":"https:\/\/micropatriologia.wordpress.com\/author\/goldsteincharles\/","title":"Fantasia e realidade no micronacionalismo (i)","type":"link","html":"

O Socioculturalista #16 – 24 de Janeiro de 2009.<\/p>\n

FANTASIA E REALIDADE NO MICRONACIONALISMO (I) – CARLOS G\u00d3ES<\/strong><\/p>\n

O cerne do di\u00e1logo realismo-virtualismo \u00e9 a quest\u00e3o da fantasia e da realidade na pr\u00e1tica micronacional. Muito se disse sobre o tema, embora n\u00e3o haja qualquer sistematiza\u00e7\u00e3o do pensamento.\u00a0Ademais, sempre restaram lacunas para contesta\u00e7\u00e3o alheia, que devem ser preenchidas com o evoluir do debate.\u00a0<\/p>\n

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Este artigo tem por objetivo a organiza\u00e7\u00e3o do contencioso relativo \u00e0 realidade no micronacionalismo e o preenchimento das supracitadas lacunas. Nesse sentido, pretende-se demonstrar o relacionamento fantasia-realidade nos tipos ideais paradigm\u00e1ticos realista e virtualista, bem como na classifica\u00e7\u00e3o intermedi\u00e1ria entre os dois paradigmas, i.e., as microna\u00e7\u00f5es modelistas.<\/p>\n

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Qualquer que seja a cosmovis\u00e3o que conduza dada na\u00e7\u00e3o, os elementos reais e fantasiosos convivem. Mesmo nos tipos ideais constru\u00eddos com base nos dois extremos paradigm\u00e1ticos do micronacionalismo – realismo e virtualismo -, sempre estar\u00e3o presentes os dos referidos elementos como composi\u00e7\u00e3o do cen\u00e1rio micronacional.<\/p>\n

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A diferen\u00e7a fundamental reside na disposi\u00e7\u00e3o dos dois elementos. E, ademais, de como os indiv\u00edduos – que s\u00e3o os agentes micronacionais – lidam com os mesmo. Por isso, os paradigmas interpretativos da realidade social micronacional se constituem em cosmovis\u00f5es – ou seja, em um conjunto de id\u00e9ias e conceitos que moldam a leitura da realidade: a\u00a0Weltanschauung<\/span><\/a>\u00a0<\/span>dos germ\u00e2nicos.<\/p>\n

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Tomando, como pe\u00e7a de an\u00e1lise inicial, o tipo ideal realista, observa-se que n\u00e3o h\u00e1, como usualmente se argumenta, uma aus\u00eancia de fantasia no realismo. Tal aus\u00eancia de fantasia seria de fato, como alguns argumentam, a limita\u00e7\u00e3o das capacidades criativa e empreendedora do indiv\u00edduo.<\/p>\n

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Em verdade, no realismo, n\u00e3o h\u00e1 a aus\u00eancia de fantasia, mas sim uma distin\u00e7\u00e3o clara entre os elementos reais e os elementos fantasiosos. Muitas pe\u00e7as de fic\u00e7\u00e3o micronacional partiram de realistas. Bruno Cava, um dos te\u00f3ricos basilares do pasargadismo, escreveu a famosa “A \u00c1guia e a Mosca<\/a>“. McMillan Hunt, que prega arduamente a inexist\u00eancia de separa\u00e7\u00e3o entre micronacionalismo e o restante da vida, \u00e9 autor de “Pierre-Jesuin\u00e9, o her\u00f3i sofista<\/a>“.<\/p>\n

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Naturalmente, apesar da distin\u00e7\u00e3o clara, h\u00e1 uma intera\u00e7\u00e3o entre a fantasia e a realidade. Por exemplo, a realidade factual do totalitarismo stalinista levou George Orwell a escrever “1984” e “A Revolu\u00e7\u00e3o dos Bichos”. E a pel\u00edcula “Matrix” deixou refer\u00eancias culturais utilizadas fora do contexto ficcional, como as famosas p\u00edlulas azul e vermelha. De modo similar,\u00a0“A \u00c1guia e a Mosca<\/a>” era uma met\u00e1fora para a rela\u00e7\u00e3o entre Reuni\u00e3o e suas inimigas.\u00a0Apesar das intera\u00e7\u00f5es, o autor nunca reclamou existir factualmente uma mosca e uma \u00e1guia falantes, de modo que a hist\u00f3ria pertencia claramente ao mundo da fantasia.\u00a0<\/p>\n

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Nesse sentido, o tipo ideal realista pode ser caracterizado pela separa\u00e7\u00e3o entre realidade e fantasia existindo uma intera\u00e7\u00e3o constante entre as duas esferas. Tal disposi\u00e7\u00e3o se encontra representada na Figura 1.<\/p>\n

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\"fantasia\"<\/span><\/p>\n

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Em oposi\u00e7\u00e3o, o tipo ideal virtualista significa a justaposi\u00e7\u00e3o de realidade e fantasia. Deste modo, a fantasia \u00e9 travestida de realidade. Enquanto no tipo ideal realista percebe-se claramente o que \u00e9 fantasia e o que \u00e9 realidade, no tipo ideal virtualista a pr\u00f3pria realidade \u00e9 fantasiosa.<\/p>\n

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Neste caso, o micronacionalismo \u00e9 visto como um mundo hermeticamente fechado, mero simulacro. Os indiv\u00edduos s\u00e3o personagens distintos de seu controlador. O cen\u00e1rio \u00e9 tamb\u00e9m fantasioso. Ocupam-se territ\u00f3rios que de fato n\u00e3o s\u00e3o ocupados. Sagas fant\u00e1sticas s\u00e3o descritas como verdadeiras. Os acontecimentos narrados em jornais s\u00e3o frutos de elocubra\u00e7\u00f5es.\u00a0<\/p>\n

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Em uma cosmovis\u00e3o virtualista, Guerras podem ser levadas a cabo somente em fantasia. A Rep\u00fablica da Molossia, por exemplo, reclama estar, ainda hoje, em\u00a0guerra contra a Alemanha Oriental<\/a>.\u00a0Assim, a ‘realidade’ da microna\u00e7\u00e3o, isto \u00e9, sua atividade diuturna, \u00e9 a pr\u00f3pria fantasia. Tal situa\u00e7\u00e3o \u00e9 representada pela pela Figura 2.<\/p>\n<\/div>\n

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\"fantasia1\"<\/p>\n

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Por fim, observa-se uma situa\u00e7\u00e3o intermedi\u00e1ria, que n\u00e3o constitui propriamente uma cosmovis\u00e3o ou tipo ideal: o modelismo. Entretanto, \u00e9 hegem\u00f4nico no micronacionalismo em l\u00edngua portuguesa. Sem maiores explica\u00e7\u00f5es, observa-se um cen\u00e1rio intermedi\u00e1rio entre os tipos ideais realista e virtualista. Assim, n\u00e3o existiria uma justaposi\u00e7\u00e3o entre realidade e fantasia, mas uma interse\u00e7\u00e3o entre as duas esferas. Tal situa\u00e7\u00e3o \u00e9 exposta na Figura 3.<\/p>\n

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\"fantasia3\"<\/p>\n<\/div>\n","thumbnail_url":"https:\/\/i0.wp.com\/micropatriologia.wordpress.com\/files\/2009\/01\/fantasia.jpg?fit=440%2C330","thumbnail_width":386,"thumbnail_height":231}